O mundo das criptomoedas continua a crescer — tanto em popularidade como em polémica. Enquanto alguns investidores afirmam ter mudado de vida graças ao Bitcoin ou ao Ethereum, outros perderam tudo ao apostarem em projetos que colapsaram ou foram alvo de burlas. Afinal, é seguro investir em criptomoedas?
Como jornalista, o objectivo não é incentivar nem desencorajar o investimento, mas analisar os factos com isenção e ouvir quem conhece o terreno.
Um Mercado em Expansão — Mas Ainda Jovem
Desde o lançamento do Bitcoin, em 2009, que o mercado das criptomoedas evoluiu de forma impressionante. Existem hoje milhares de tokens disponíveis, com diversas funcionalidades, desde plataformas financeiras descentralizadas até moedas com fins específicos como gaming, privacidade ou contratos inteligentes.
No entanto, ao contrário de ações em bolsa ou depósitos bancários, este é um mercado muito menos regulado. E isso tem consequências — tanto positivas como negativas.
Ponto positivo:
- A inovação é rápida e acessível a qualquer pessoa com ligação à internet.
Ponto de atenção:
- A ausência de regulação torna o investidor mais vulnerável a esquemas fraudulentos, hacks e instabilidade.
Especialistas Concordam: Há Potencial, Mas Também Riscos
Conversei com analistas financeiros e consultores independentes. A visão geral é clara: as criptomoedas são um ativo de risco, mas podem ter lugar numa carteira bem diversificada.
“Quem investe em cripto deve entender que é um mercado altamente volátil e imprevisível. Não se trata de apostar tudo, mas sim de dedicar uma pequena parte do capital disponível, com uma estratégia clara”, explica Marta Leal, consultora de investimento em Lisboa.
Segundo ela, o maior erro dos investidores iniciantes é entrar por impulso, movidos por promessas de lucro rápido e sem conhecer o funcionamento do mercado.
Segurança: Carteiras, Exchanges e Autoproteção
Um dos mitos mais comuns é que as criptomoedas são inseguras por natureza. Na verdade, o blockchain é uma tecnologia altamente segura. O problema está na forma como os utilizadores gerem os seus ativos.
Há três pontos críticos:
- Plataforma de compra – Nem todas as exchanges são confiáveis. É crucial escolher plataformas reconhecidas e com boa reputação.
- Armazenamento – A segurança depende muito da escolha entre carteiras online (mais práticas, mas vulneráveis a ataques) ou carteiras frias (offline, mais seguras).
- Cuidados pessoais – Guardar bem as palavras-chave, ativar autenticação de dois fatores e não partilhar informações com terceiros são práticas obrigatórias.
Ou seja, o nível de segurança está muitas vezes nas mãos do próprio utilizador.
Casos Famosos de Perda Total
Durante a investigação, deparei-me com diversos casos em que investidores portugueses perderam grandes somas:
- Golpes de investimento em “moedas milagrosas”, promovidas nas redes sociais;
- Plataformas que prometem “lucros garantidos” e desaparecem com o dinheiro;
- Utilizadores que perderam acesso à carteira por não terem guardado a chave privada corretamente.
Estes episódios mostram que, embora o setor esteja a evoluir, ainda existem zonas cinzentas e pouca proteção para o pequeno investidor.
O Que Diz a Lei em Portugal?
Em Portugal, as criptomoedas não são consideradas moeda oficial, mas são reconhecidas como ativos digitais. Desde 2023, há um regime fiscal para declarar ganhos com cripto, e alguns projetos estão a ser regulados como prestadores de serviços financeiros.
A Autoridade Tributária exige agora que se declarem as mais-valias obtidas com criptomoedas, sempre que os ativos forem vendidos com lucro. Ou seja, o Estado português está a aproximar-se de um enquadramento mais claro, mas ainda há margem para evolução.
Em Que Situações Pode Fazer Sentido Investir?
Segundo os especialistas entrevistados, o investimento em criptomoedas faz sentido apenas se for encarado com conhecimento e planeamento.
Pode ser uma opção para quem:
- Já tem uma carteira diversificada (ações, poupanças, imóveis);
- Está disposto a estudar o mercado cripto e a acompanhar as suas variações;
- Aceita que pode perder o valor investido parcial ou totalmente.
Não é recomendado para quem:
- Está à procura de soluções imediatas para melhorar a situação financeira;
- Não tem reserva de emergência ou estabilidade económica;
- Pretende enriquecer rapidamente com pouco esforço.
Conclusão: Segurança Existe — Mas Depende do Investidor
Então, é seguro investir em criptomoedas? A resposta não é simples. Depende da plataforma, da estratégia, do conhecimento e do comportamento do próprio investidor.
A tecnologia é robusta, mas o mercado ainda é imaturo e sujeito a manipulação e euforia. Como em qualquer investimento de risco, informação, prudência e diversificação continuam a ser as melhores armas de defesa.